A intensa tempestade solar que atingiu a
Terra na tarde de sábado continua em atividade e produziu auroras nas regiões de
latitudes elevadas ao norte e sul do equador. No domingo o índice KP chegou a
atingir o nível 6 por três vezes e causou blecautes de radiopropagação em bandas
de baixa frequência.
A ejeção de massa coronal (CME) chegou a Terra por volta das 17 horas de
sábado (14/07) e foi causada por uma forte explosão solar ocorrida na tarde do
dia 12 de julho na região da mancha solar ativa AR 1520 O evento chegou a
atingir a classe X1.4 no espectro de raios-x e teve seu efeito potencializado
pelo fato de a mancha estar voltada em direção à Terra, bombardeando diretamente
o planeta.
Tempestade Geomagnética
Os modelos de deslocamento indicavam que o
choque das partículas com a alta atmosfera ocorreria por volta das 07h00 BRT de
sábado, mas os magnetômetros localizados no círculo polar ártico só registraram
desvios significativos do campo magnético terrestre a partir das 17h00. Desde
então, índice KP que mede a instabilidade na ionosfera passou a apresentar
níveis superiores a 4, que se intensificaram na tarde de domingo, com valores
atingindo o nível 6 três vezes
.
Na manhã de segunda-feira o índice KP ainda era elevado e nas primeiras horas do
dia ainda sustentavam valores entre KP 5 e 6.
Consequências
O choque das partículas carregadas teve efeito imediato
em latitudes elevadas ao norte e sul do equador e produziu auroras boreais na
Europa, faixa centro-norte dos EUA e Canadá. Auroras austrais também foram
observadas na Nova Zelândia, extremo sul da Austrália, Tasmânia e também no Polo
sul. Não há informações de observação do fenômeno no sul da América do Sul, mas
não descartamos essa possibilidade.
Além das auroras austrais e boreais, a instabilidade ionosférica causou
blecautes de radiopropagação nas bandas de radiofrequência abaixo de 30 MHz
dificultando ou impedindo, com algumas exceções, as comunicações transoceânicas
neste espectro. Tentativas de recepção de estações de rádio localizadas na
Europa e Japão feitas pelo Apolo11 resultaram em fracasso, assim como a captação
de beacons de estação de radioamadores localizados na África do Sul, que
normalmente são captadas com facilidade.
Não há registro oficial de problemas causados por surtos eletromagnéticos em
linhas de transmissão localizadas acima das latitudes de 40 graus norte ou sul,
nem de panes causadas em sistemas satelitais ou operações de localização, embora
possam ter ocorrido sem terem sido relatadas.
Efeitos de tempestades KP=6
Sistemas de potência: Redes elétricas em
latitudes elevadas podem sofrer alertas devariação de tensão. Se prolongadas,
as tempestades podem danificar transformadores.
Espaço: Podem ser necessárias reorientações na órbita de satélites. O aumento
do arrasto da atmosfera pode interferir no cálculo orbital.
Outros: Pode fechar a propagação em ondas curtas (HF) nas latitudes elevadas.
Ocorrência de auroras boreais em latitudes baixas, ao redor de 55º.
Fotos: No topo, aurora boreal registrada em 14 de julho de 2012 na região do
lago Elora, no estado de Minnesota, EUA. Na sequência, gráfico mostra a evolução
do Índice KP durante o bombardeio das partículas. Acima, desvios do campo
magnético da Terra registrados por um dos magnetômetros da Universidade do
Alasca. Créditos: NOAA/SWPC, Universidade do Alasca/Haarp project, Apolo11.com.
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